sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Mão da Limpeza


A construção do povo brasileiro foi pautada pela pluralidade que é fruto de um produto histórico colocando num mesmo cenário etnias distintas: portugueses, índios e negros. Esse contato favoreceu a comunicação dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente mestiço.

Com esse encontro, também surgiram vários desencontros. As diferenças se acentuaram, levando à formação de uma hierarquia de classes que deixava evidentes a distância e o prestígio social entre colonizadores e colonos.

Os índios e, em especial, os negros permaneceram em situação de desigualdade situando-se na marginalidade e exclusão social, sendo esta última compreendida por uma relação desigual em dimensões múltiplas – econômica, política, cultural.

Esse encontro inicial de algum modo foi crucial para a afirmação de preconceitos, desreipeito aos direitos humanos, etc., e daí passamos a observar como as relações são construídas num espaço social que é a escola, e como ela contribui para a formação da identidade das crianças negras.

Como um espaço democrático, a escola tem como principal função acatar e pregar a diversidade em todos os seus aspectos, contribuindo assim para a formação do caráter da criança. O que se observa é que esta instituição se baseia nos parâmetros europeus, e assim, passa a divulgar perante a essas crianças (negras e brancas) uma cultura que exalta as qualidades de um povo que não representa nem de longe a realidade dos educandos, e aqueles poucos que de uma certa forma se "encaixam" naqueles padrões começam a enxergar uma estranheza nas crianças negras e as mesmas assumem atitudes de auto-defesa, e quando assim as fazem, passam a ser consideradas totalmente diferentes do restante do grupo.

A letra de Gil reflete exatamente nesse aspecto em que o negro reage a um estímulo negativo: Se ele não suja na entrada, vai sujar na saída.

O desejo da perda do controle por parte do negro é intensa pelo restante do grupo justamente para que seja provada a inferioridade que tanto é pregada subliminarmente.

Desejamos uma Escola - aqui em maiúscula -que pregue a diferença mais com eqüidade e coerência, formando assim cidadães e cidadãos em sua plena importância.

A escola é responsável pelo processo de socialização infantil no qual se estabelecem relações com crianças de diferentes núcleos familiares. Esse contato diversificado poderá fazer da escola o primeiro espaço de vivência das tensões raciais. A relação estabelecida entre crianças brancas e negras numa sala de aula pode acontecer de modo tenso e segregador, portanto, devemos está atentos como educadores a esses muitas vezes imperceptíveis sinais.

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