quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Primeiro ator brasileiro

Primeira metade do século XIX. No reinado de D. Pedro I, surge o primeiro grande ator brasileiro,João Caetano dos Santos. No ano seguinte, ''O juiz de paz na roça'' revela Luís Carlos Martins Pena, cujas comédias fazem uma crítica bem-humorada da sociedade da época.
Os dramas ''Leonor de Mendonça'', de Antônio Gonçalves Dias, e ''Gonzaga'' ou ''A revolução de Minas'', de Antônio Castro Alves; e as comédias ''A torre em concurso'', de Joaquim Manuel de Macedo, e ''O demônio familiar'', de José de Alencar , vêm ampliar o repertório nacional.
João Caetano (1808-1863) é considerado o primeiro grande ator brasileiro. Especializado em papéis dramáticos, trabalha em peças de autores como Victor Hugo, Shakespeare, Alexandre Dumas Filho e Molière. Sua montagem de ''Antônio José'' ou ''O poeta e a Inquisição'' (1838), de Gonçalves de Magalhães, dá início a um teatro com temas e atores brasileiros. No livro ''Lições Dramáticas'' reflete sobre a arte de representar.
Luís Carlos Martins Pena (1815-1848) nasce no Rio de Janeiro, de família pobre. Torna-se diplomata, chegando a adido em Londres. Utiliza com maestria a linguagem coloquial e faz rir com situações engraçadas envolvendo pessoas do interior em contato com a corte em peças como ''O juiz de paz da roça'', ''Um sertanejo na corte'' e ''A família e a festa na roça''. É o primeiro dramaturgo importante do cenário brasileiro e um dos primeiros a retratar o princípio da urbanização do país.

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sofreguidão de Cronos


Quanto tempo leva um tempo para se esquecer daquele tempo? Que bom se o tempo desse um tempo para podermos curtir um tempo o tempo bom? Não seria bom?

Ah tempo! Que tempo ruim para sabermos que o nosso tempo passou, logo agora que estou com mais tempo para dar um tempo para tempos ruins. Que tempo é esse, meu Deus, que não dá um tempo?! Um dia eu hei de achar um tempo bom para que todas as coisas entrem, uma de cada vez, em seu tempo, no seu devido lugar.

Ah Cronos! Por que me deste este tempo? Por que queres a minha derme talhada? Por que mostras a mim a minha pendência capilar? A falta de melanina na minha púbis? Deus cruel! Me fez crer que o tempo me daria tudo de bom, não foi mesmo? Ledo engano. Agora me sinto o senhor dos tempos. Tempo em que era jovem, bonito; tempo em que eu era mais magro; tempo em que era feliz.

Quero o tempo Kairós agora! Não mais ligarei para Cronos. Ele me destruiu e me enganou. Cuidarei agora de cada momento que me resta. Quero aprender mais aquilo que deixei para trás. Quero ser eu em cada segundo que tiver. Relutarei agora ao ser devorado por esse pai autofágico.

Te renuncio Cronos! Não quero mais ser seu filho!

Teleteatro - O Retorno

Nildson B. Veloso

Um dos fatos que marcaram minha infância foi o de ter visto, pela primeira vez, uma cena de novela, lá pelos anos 70. Em tal cena, havia uma menininha numa cadeira de rodas com aquele ar de sofrimento. Me senti muito triste ao vê-la naquela cadeira. A novela era Fogo Sobre Terra e a atriz era Rosana Garcia. Anos depois, descobri que aquela situação era tudo de faz-de-conta. Fiquei muito confuso, pois como uma pessoa conseguia fingir tão bem? Ainda mais uma criança! Minha mãe então me explicou que aquilo era novela e que era tudo de mentirinha. Até então eu pensava, lá com minha cabeça de infante, que o nome “novela” se referia ao horário “nove”. E foi desde então que comecei a gostar daquelas mentiras que contavam pra gente na televisão. Aquilo era muito bom! Bem mais tarde, já na minha adolescência, passei a cultuar o gosto pelo fazer aquela “mentira permitida” e, mesmo sem ter alguém na família com algum passado na área, comecei a pensar que era aquilo que queria fazer: Teatro! A imagem daquela menininha (Vivi) não me saía mais da cabeça. Caso pensado, decidi estudar teatro com o intuito de fazer aquilo que eu via todas as noites em minha casa. Ainda na faculdade, comecei a pesquisar sobre a interpretação televisiva e então cheguei até o teleteatro. Maravilha! Era tudo que eu procurava: o fazer televisão com a linguagem teatral. Passada a euforia, percebi que o teleteatro era uma expressão artística praticamente morta. Não se tinha mais notícia no país desse fazer. Mas como as coisas ganham força quando elas têm que acontecer, então, eis-me aqui, trabalhando na TV Anísio Teixeira, coordenando o programa Teleteatro, numa retomada do hibridismo teatro-televisão, que nos proporcionará um retorno a essa indispensável e interessante forma de contar histórias.

A Realidade e a Ficção

Nildson B. Veloso


Às vezes ficamos a pensar como uma determinada personagem pode ser tão maquiavélica dentro de uma obra ficcional. Será que ela se mostraria assim dentro de uma realidade? Difícil responder a isso. Pois, somos constituídos de diversas formas de pensares que sinceramente não me surpreenderia se alguns de nós tivessem atitudes que nos deixassem tontos naquele momento.

A obra de Nelson Rodrigues já foi acusada de nos mostrar uma realidade grotesca e exagerada do ser humano. Se considerarmos que a arte imita a vida, logo veríamos o quão somos torpes e cruéis dentro de alguns universos dramatúrgicos. Logo então nos indignamos com nós mesmos. Como eu seria capaz de cometer esse ou aquele ato com o meu próximo?! Exclamariam alguns. Será que a ficção tem o direito de expor as nossas mazelas?

A ficção para alguns foi criada para nos transportar da nossa realidade, para que possamos sonhar com as utopias. Para outros não, a ficção existe para que possamos refletir as nossas vidas e os nossos atos e tentar de alguma maneira melhora-los ao reconhecê-los.

O fato é que estas formas existem para que nós as vivenciemos conforme as nossas histórias de vida e convicções. Portanto, a ficção cumpre o seu papel quando nos faz pensar de alguma maneira naquilo que estamos prestando atenção. Ela nos prende sempre, mesmo que no primeiro momento pareça menos interessante para nós. Ela sempre levará alguma vantagem em relação à realidade, pois, poderemos nos desligar da ficção a qualquer momento, enquanto que a realidade dura, cruel, boa, feliz, triste etc, não terá esta possibilidade de abandono.

Muito interessante seria viver a ficção durante a maior parte da vida não é mesmo? Poderíamos recriar uma realidade que as nossas convicções indicassem, e provavelmente iríamos ser muito mais felizes, mesmo sendo esta realidade uma ficção. Mas, e daí? O que as difere está justamente no nosso ponto de vista.

Me Esqueci de Novo!

Nildson B. Veloso

E agora?.. terei que estudar novamente o Hino Nacional. Logo agora que pensei não precisar mais cultuar o amor à minha pátria, me vem essa lei que me obriga a cantar ele.
Não é justo!
Assim devem estar pensando várias pessoas no país após a aprovação da lei que obriga as escolas públicas e particulares a cantarem o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana.
Que mal há nisso?! Precisamos sim, cultivar esse amor pela nossa nação, e o hino nos faz refletir sobre ela.
A dificuldade está acredito, na falta de informações referentes a algumas palavras que não são usuais, pois a letra foi escrita no século dezenove e com o tempo realmente algumas palavras caem em desuso.
Precisamos despertar de verdade o patriotismo, pois ele é necessário até mesmo por questão de sobrevivência diante de fatos que a história já nos mostrou. Territórios invadidos por grandes “tubarões” e sem que o seu povo despendesse nenhuma reação.
Lembro-me quando estudante de ginásio todas as segundas-feiras tínhamos que hastear a bandeira e nosso diretor, professor Aldo, sempre à frente puxando o hino e eu o acompanhava em seu movimento de boca e tentava reproduzi-lo, até que um dia ele me disse que eu puxaria o hino da semana seguinte. Fiquei feliz e nervoso ao mesmo tempo, corri para casa para ensaiar com o hino na mão, uma semana que parecia um dia, não tinha mais tempo para nada a não ser ler o hino.
No esperado dia estava eu lá nervoso e com o hino todo amassado na mão, lembrando de algumas estrofes que sempre me confundiam à cabeça. Meu Deus! Ele me olhou e me chamou para frente para puxar o hino. Tremia muito e tentava disfarçar as frementes mãos que insistiam em não ficar escondidas, mas .. ali estava eu para cumprir a minha missão que tanto me preparei. Li tanto o hino que para variar fui estudar o hino da Bandeira Nacional e o mesmo também eu já estava craque.
Na primeira estrofe, muito bem! Todos acompanhando perfeitamente. O problema é que como Carlos Drummond, havia uma pedra no caminho, ou melhor; havia um raio vívido na segunda estrofe e então comecei:
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul
Quando eu olhava para meus colegas, estavam todos estupefatos, percebi então que tinha trocado as letras do Hino Nacional com o Hino da Bandeira, que vergonha! Antes fosse a primeira versão do hino que não usava a palavra “seio”, ou até mesmo a versão na língua Tupy. E então aconteceu o que temia: o riso. A gargalhada se espalhou e após o silêncio clamado pelo diretor pedi para recomeçar e ele com toda benevolência aceitou o meu pedido e assim fizemos o hino novamente e todos aplaudiram ao final. Fiquei feliz e ainda por cima ganhei moral com o diretor. a partir dali nunca mais esqueci o hino (que pena cantora..!), e descobrir o quão bonito e elevador de auto-estima ele é.
Bom, seguindo. Na sala de aula tinha um dos “gargalhadores” – termo usado no teatro para designar pessoas que riem em momentos trágicos, e ele então me pediu para ensiná-lo a letra do hino para que copiasse, pois a professora queria que ele cantasse o hino na sala e eu prontamente disse: Ih! Me esqueci de novo.

A Mão da Limpeza


A construção do povo brasileiro foi pautada pela pluralidade que é fruto de um produto histórico colocando num mesmo cenário etnias distintas: portugueses, índios e negros. Esse contato favoreceu a comunicação dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente mestiço.

Com esse encontro, também surgiram vários desencontros. As diferenças se acentuaram, levando à formação de uma hierarquia de classes que deixava evidentes a distância e o prestígio social entre colonizadores e colonos.

Os índios e, em especial, os negros permaneceram em situação de desigualdade situando-se na marginalidade e exclusão social, sendo esta última compreendida por uma relação desigual em dimensões múltiplas – econômica, política, cultural.

Esse encontro inicial de algum modo foi crucial para a afirmação de preconceitos, desreipeito aos direitos humanos, etc., e daí passamos a observar como as relações são construídas num espaço social que é a escola, e como ela contribui para a formação da identidade das crianças negras.

Como um espaço democrático, a escola tem como principal função acatar e pregar a diversidade em todos os seus aspectos, contribuindo assim para a formação do caráter da criança. O que se observa é que esta instituição se baseia nos parâmetros europeus, e assim, passa a divulgar perante a essas crianças (negras e brancas) uma cultura que exalta as qualidades de um povo que não representa nem de longe a realidade dos educandos, e aqueles poucos que de uma certa forma se "encaixam" naqueles padrões começam a enxergar uma estranheza nas crianças negras e as mesmas assumem atitudes de auto-defesa, e quando assim as fazem, passam a ser consideradas totalmente diferentes do restante do grupo.

A letra de Gil reflete exatamente nesse aspecto em que o negro reage a um estímulo negativo: Se ele não suja na entrada, vai sujar na saída.

O desejo da perda do controle por parte do negro é intensa pelo restante do grupo justamente para que seja provada a inferioridade que tanto é pregada subliminarmente.

Desejamos uma Escola - aqui em maiúscula -que pregue a diferença mais com eqüidade e coerência, formando assim cidadães e cidadãos em sua plena importância.

A escola é responsável pelo processo de socialização infantil no qual se estabelecem relações com crianças de diferentes núcleos familiares. Esse contato diversificado poderá fazer da escola o primeiro espaço de vivência das tensões raciais. A relação estabelecida entre crianças brancas e negras numa sala de aula pode acontecer de modo tenso e segregador, portanto, devemos está atentos como educadores a esses muitas vezes imperceptíveis sinais.

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